Notícias
24/07/2020 - Pandemia deve levar milhões de crianças ao trabalho infantil e à fome
23/07/2020
Somente na Ásia, 8 milhões de crianças estão expostas à mendicância, ao trabalho infantil e ao casamento precoce em razão da crise gerada pela pandemia.
Por: Júlia Pereira
Segundo um relatório divulgado pela agência humanitária World Vision (Visão Mundial, no Brasil), somente na Ásia, cerca de oito milhões de crianças podem estar expostas à mendicância, ao trabalho infantil e ao casamento precoce devido à deterioração da situação econômica de suas famílias durante a crise gerada pela pandemia.
A estimativa é que 85 milhões de famílias na Ásia tenham pouca ou nenhuma comida estocada, enquanto 110 milhões de crianças sofrerão de fome como consequência da crise.
Já na América Latina, 84% das crianças migrantes da Venezuela relatam queda na renda familiar para comprar alimentos. Dessas, uma em cada três relata que dorme sem comer. Os produtos de higiene básica faltam para 70%.
As mulheres da África, por sua vez, relatam que estão gastando menos em refeições nutritivas para compensar a perda de poder de compra.
O estudo, intitulado ‘Aftershocks: Out of time’, adverte, ainda, que as projeções globais indicam um aumento da fome, violência e pobreza como resultado desse cenário. As vítimas diretas são aquelas que vivem em situações já vulneráveis e que são impactadas pelos efeitos das mudanças climáticas, instabilidade política e social e do deslocamento forçado e que, por isso, dependem de ajuda humanitária.
A análise da World Vision envolveu 14 mil famílias na Ásia, 2.400 pequenas empresas na África e quase 400 crianças migrantes na América Latina.
O relatório faz um chamado global para que governos, agências da Organização das Nações Unidas (ONU), organizações da sociedade civil e o setor privado ajam em conjunto para garantir a implementação de programas de proteção social com foco na infância, iniciativas para fortalecer cadeias produtivas e mercados, proteção do emprego e meios de subsistência e um investimento inclusivo para a recuperação e resiliência de economias sustentáveis.
Caso as medidas urgentes não sejam tomadas, milhares de pessoas correm o risco de caírem na extrema pobreza por décadas. Somente na América Latina, 16 milhões podem entrar nessa categoria como resultado da pandemia, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
Fonte: OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR