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20/01/2017 - Crianças do Bangladesh trabalham 64 h/semana para fazer a nossa roupa barata
17/01/2017
Um relatório do OverSeas Development Institute (ODI) revelou que existe um número preocupante de crianças com idades inferiores a 14 anos, no Bangladesh, que abandonaram a escola e têm empregos a tempo inteiro. Em média, estas crianças trabalham 64 horas por semana.
"Os investigadores estudaram quase 3000 agregados familiares desprivilegiados dos bairros degradados de Dhaka, no Bangladesh, e descobriram crianças de apenas 6 anos com empregos a tempo inteiro. Outras chegavam a trabalhar 110 horas por semana. Estas crianças recebiam, em média, pelo seu trabalho, menos de 2€ por dia."
"Os investigadores estudaram quase 3000 agregados familiares desprivilegiados dos bairros degradados de Dhaka, no Bangladesh, e descobriram crianças de apenas 6 anos com empregos a tempo inteiro. Outras chegavam a trabalhar 110 horas por semana. Estas crianças recebiam, em média, pelo seu trabalho, menos de 2€ por dia."
“A prevalência do trabalho infantil no Bangladesh é preocupante”, declarou Maria Quattri, uma das autoras do estudo.
De acordo com o que descobriu, dois terços das raparigas com empregos trabalham na indústria do vestuário, o que levanta sérias questões sobre a roupa exportada e o trabalho infantil.
Os rapazes têm ofícios mais variados: alguns trabalham nas obras e no fabrico de tijolos e outros em lojas ou vendem produtos na rua. 13% deles trabalham também em fábricas têxteis ou em outras partes do sector têxtil. Alguns especialistas designam estas formas de trabalho infantil de escravatura.
“[As crianças] estão a trabalhar principalmente para subempreiteiros em fábricas de vestuário informais que produzem uma parte do produto que é depois vendido a empresas formais. E estas empresas exportam o produto”, explica a investigadora.
36,1% dos rapazes e 34,6% das raparigas declararam sentir fadiga extrema.
Outras crianças relataram ter dores de costas, febre e feridas superficiais.
Amina (nome falso para proteger a sua identidade) tem 14 anos e só concluiu o 4º ano da escola primária.
Quando o seu pai ficou doente, há três anos, Amina começou a trabalhar para ajudar a pagar as contas médicas. Hoje em dia, trabalha 12 horas por dia (com duas curtas pausas) nos serviços domésticos. “Perdi muito por não ir à escola. Mas a minha família é pobre e o meu pai está doente”, disse.
Pelo seu trabalho, Amina recebe 30€ por mês.
Embora a idade mínima de admissão para prestar trabalho no Bangladesh seja de 14 anos, as crianças com 12 ou 13 anos podem realizar “trabalhos leves” limitados a 42 horas por semana.
Este tipo de trabalho não está claramente definido, mas exclui o trabalho nos caminhos de ferro, em portos ou fábricas e os turnos noturnos.
No entanto, estas leis são, em grande parte, ignoradas e o governo carece de inspetores de trabalho ou de outras autoridades necessárias para as fazer cumprir.
À semelhança de outros estudos, o relatório do ODI sugere que haverá milhões de crianças com menos de 14 anos a trabalhar no país asiático.
O Bangladesh, com os seus 150 milhões de habitantes, tem feito progresso, nas últimas décadas para reduzir a sua taxa de pobreza, que passou de 50% da população para um terço, mas, mesmo assim, milhões dos seus cidadãos continuam a viver em favelas.
Só a escola primária é gratuita e obrigatória no país e muitas famílias carenciadas afirmaram ter colocado os seus filhos no mercado do trabalho e não na escola devido ao valor das propinas escolares.
Os investigadores descobriram que a maioria das crianças “trabalhadoras” tinha dificuldade em ler uma frase simples como “a menina está a brincar” em bengali.
Houve muitas que não a conseguiram ler de todo.
“O trabalho infantil representa um sintoma da pobreza e uma causa da privação educacional. Transmite a pobreza pelas gerações, aprisiona as crianças num ciclo de pobreza e compromete o crescimento económico nacional. O que o nosso estudo descobriu em Dhaka é um microcosmo de um problema global que deveria estar no centro da agenda internacional”, disse Kevin Watkins, coautor do estudo.
De acordo com o que descobriu, dois terços das raparigas com empregos trabalham na indústria do vestuário, o que levanta sérias questões sobre a roupa exportada e o trabalho infantil.
Os rapazes têm ofícios mais variados: alguns trabalham nas obras e no fabrico de tijolos e outros em lojas ou vendem produtos na rua. 13% deles trabalham também em fábricas têxteis ou em outras partes do sector têxtil. Alguns especialistas designam estas formas de trabalho infantil de escravatura.
“[As crianças] estão a trabalhar principalmente para subempreiteiros em fábricas de vestuário informais que produzem uma parte do produto que é depois vendido a empresas formais. E estas empresas exportam o produto”, explica a investigadora.
36,1% dos rapazes e 34,6% das raparigas declararam sentir fadiga extrema.
Outras crianças relataram ter dores de costas, febre e feridas superficiais.
Amina (nome falso para proteger a sua identidade) tem 14 anos e só concluiu o 4º ano da escola primária.
Quando o seu pai ficou doente, há três anos, Amina começou a trabalhar para ajudar a pagar as contas médicas. Hoje em dia, trabalha 12 horas por dia (com duas curtas pausas) nos serviços domésticos. “Perdi muito por não ir à escola. Mas a minha família é pobre e o meu pai está doente”, disse.
Pelo seu trabalho, Amina recebe 30€ por mês.
Embora a idade mínima de admissão para prestar trabalho no Bangladesh seja de 14 anos, as crianças com 12 ou 13 anos podem realizar “trabalhos leves” limitados a 42 horas por semana.
Este tipo de trabalho não está claramente definido, mas exclui o trabalho nos caminhos de ferro, em portos ou fábricas e os turnos noturnos.
No entanto, estas leis são, em grande parte, ignoradas e o governo carece de inspetores de trabalho ou de outras autoridades necessárias para as fazer cumprir.
À semelhança de outros estudos, o relatório do ODI sugere que haverá milhões de crianças com menos de 14 anos a trabalhar no país asiático.
O Bangladesh, com os seus 150 milhões de habitantes, tem feito progresso, nas últimas décadas para reduzir a sua taxa de pobreza, que passou de 50% da população para um terço, mas, mesmo assim, milhões dos seus cidadãos continuam a viver em favelas.
Só a escola primária é gratuita e obrigatória no país e muitas famílias carenciadas afirmaram ter colocado os seus filhos no mercado do trabalho e não na escola devido ao valor das propinas escolares.
Os investigadores descobriram que a maioria das crianças “trabalhadoras” tinha dificuldade em ler uma frase simples como “a menina está a brincar” em bengali.
Houve muitas que não a conseguiram ler de todo.
“O trabalho infantil representa um sintoma da pobreza e uma causa da privação educacional. Transmite a pobreza pelas gerações, aprisiona as crianças num ciclo de pobreza e compromete o crescimento económico nacional. O que o nosso estudo descobriu em Dhaka é um microcosmo de um problema global que deveria estar no centro da agenda internacional”, disse Kevin Watkins, coautor do estudo.
"As crianças que trocam a educação pelo trabalho mal remunerado dificilmente reunirão as qualificações e habilidades necessárias para quebrar o ciclo da pobreza entre as gerações".