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14/12/2021 - 8 em cada 10 mortes violentas de crianças e adolescentes são de negros

07/12/2021

Novo relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que crianças e adolescentes negros são as maiores vítimas de mortes violentas no Brasil
 
Por: Juliana Lima

O novo relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no dia 02 de dezembro, reforça o risco que a juventude negra sofre diariamente no Brasil. Segundo o levantamento, 8 em cada 10 mortes violentas intencionais na faixa etária de 0 a 17 anos são de crianças e adolescentes negros, sendo que 86% das vítimas são do sexo masculino e 82% têm entre 15 e 17 anos.

O relatório, chamado ‘Violência contra crianças e adolescentes’, reuniu dados de boletins de ocorrência a respeito de cinco tipos de crimes contra vítimas de 0 a 17 anos registrados entre janeiro de 2019 e junho de 2021:

1. Maus-tratos;

2. Lesão corporal dolosa em contexto de violência doméstica;

3. Exploração sexual;

4. Estupro;

5. Mortes violentas intencionais (homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial).

Realizada a pedido da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a pesquisa baseou-se em dados de 11 estados (AL, CE, ES, MG, MS, PA, PI, PR, RJ, SC, SP) e do Distrito Federal.

O resultado mostra que, dos 3.717 casos de mortes violentas intencionais, 78% foram contra crianças e adolescentes negros. Conforme aumenta a faixa etária analisada, aumenta também a predominância de meninos negros. Por outro lado, os casos de exploração sexual, o estupro e a lesão corporal na violência doméstica têm as meninas como principais vítimas.

“Fica muito claro que a gente está tratando de duas formas de violência. Uma doméstica, que afeta crianças, meninas, e outra violência urbana, que se traduz em mortes violentas que atingem meninos negros de 15 a 17 anos. É fundamental que a gente separe esses tipos, porque as políticas de enfrentamento da violência doméstica são totalmente diferentes das de enfrentamento à violência urbana”, disse Sofia Reinach, coordenadora do levantamento, em entrevista à Folha de São Paulo.

Durante a pandemia, quase todos os tipos de crimes contra crianças e adolescentes diminuíram. As mortes violentas foram a única exceção. Segundo os pesquisadores, no entanto, isso pode estar relacionado a uma subnotificação, principalmente porque, quando se trata de vítimas crianças e adolescentes, é preciso que um adulto ofereça ajuda, e para os crimes não letais, é necessária a presença da vítima na delegacia para registrar ocorrência.

“As redes de atendimento às vítimas de violência e os serviços públicos de segurança pública, assistência social e saúde devem ter profissionais preparados e estratégias ativas de identificação e encaminhamento de vítimas”, pontuou Reinach.

Fonte: Folha de São Paulo


Fonte:
OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR




 
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