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03/04/2020 - Como estão as pessoas em situação de rua em plena pandemia?
02/04/2020
Para as pessoas em situação de rua, ficar em casa não é uma opção e manter a higiene é um grande desafio. Somando isso à redução no número de doações de alimentos, esse grupo se torna extremamente vulnerável ao novo coronavírus. Para protegê-lo, organizações e indivíduos arrecadam itens de higiene e alimentos.
Por: Júlia Pereira
A pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19, tem assustado pessoas do mundo todo. São milhares de mortes e contaminados por dia, o que faz com que a preocupação aumente. Profissionais da área de saúde têm insistido na principal forma de prevenção à contaminação pelo vírus: ficar em casa. Mas o que fazem as pessoas que não têm casa?
Somente na cidade de São Paulo, são mais de 24 mil pessoas em situação de rua, segundo dados do Censo da População em Situação de Rua 2019. Logo, a principal medida de prevenção indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não é possível para todas essas pessoas, que passam os dias nas ruas, expostas à contaminação.
Higiene pessoal e distanciamento físico
A Prefeitura de São Paulo prometeu ampliar a rede de acolhimento para pessoas em situação de rua. Na Vila Clementino, bairro localizado na região sul da cidade, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) implantou um Centro de Acolhida Especial exclusivo para pessoas em situação de rua já diagnosticados com o novo coronavírus.
Por meio de nota, a Prefeitura informou, ainda, que cinco centros esportivos serão usados para desafogar os Centros de Acolhida e isolar pessoas com suspeita de terem contraído a Covid-19.
Outra medida será a instalação de pias para que esses grupos consigam lavar as mãos como forma de prevenção. Os equipamentos serão instalados na região central da cidade, onde há maior concentração de pessoas em situação de rua, como na Praça da Sé, Praça Ouvidor Pacheco e Silva, Largo São Francisco, Largo do Paissandú, Pateo do Colégio, Praça da República, Largo do Arouche, Parque Dom Pedro, Largo General Osório e Praça da Liberdade.
A luta pela alimentação na rua
A higiene é importante, porém outra preocupação que faz parte do cotidiano das pessoas em situação de rua e que não pode ser ignorada neste momento é a segurança alimentar. Com menos gente circulando, esse grupo está conseguindo poucas doações de comida ao longo do dia.
Além disso, comércios que, antes da pandemia, doavam alimentos a eles, hoje estão fechados, o que dificulta ainda mais o cotidiano das pessoas mais vulneráveis, que têm poucas saídas para conseguir se alimentar. Uma opção para eles é o Bom Prato, programa criado pelo Governo do Estado de São Paulo com o objetivo de oferecer refeições à população de baixa renda. A refeição custa apenas R$ 1.
Segundo reportagens divulgadas pelo G1 e pela Folha de S.Paulo, nos primeiros dias da quarentena oficial no estado de São Paulo, as unidades do Bom Prato estavam com grandes filas, pessoas aglomeradas e comendo com as mãos, sem auxílio de talheres, o que ajuda a propagar a contaminação pelo coronavírus.
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social disse que, atendendo ao decreto do Governo do Estado, as unidades dos restaurantes populares fecharam temporariamente os salões de refeições e foi lançado o Bom Prato Express, com o objetivo de distribuir refeições prontas em embalagens descartáveis para consumo em domicílio. O que fazem então as pessoas que vivem nas ruas e não conseguem realizar essas refeições de forma segura?
A Secretaria acrescentou, ainda, que voltaram a disponibilizar talheres a partir do almoço do dia 26 de março e que suas equipes estão reforçando a necessidade do distanciamento físico para as pessoas nas filas. O horário de atendimento, segundo a nota, foi ampliado para também evitar aglomerações.
As organizações da sociedade civil não param
A atuação do poder público é essencial para manter a segurança e criar medidas de prevenção para a parcela da população que está mais exposta ao novo coronavírus. No entanto, muitas organizações e movimentos da sociedade civil também estão trabalhando para ajudar as pessoas em situação de rua.
É o caso do Projeto RUAS, que atua em quatro bairros da zona sul do Rio de Janeiro e promove rodas de conversa semanais com a população em situação de rua focadas em fortalecer a autonomia dessas pessoas. Esses encontros têm temas específicos de interesse para o grupo, como os direitos das pessoas em situação de rua e o lugar da mulher que vive nesse contexto.
A partir dessas rodas de conversa, a equipe do Projeto Ruas percebe quais são as necessidades dessas pessoas e atua como facilitadora para conectá-las a serviços existentes, para demanda de documentação, busca por emprego ou volta ao lar, por exemplo.
Em razão da crise do novo coronavírus e seguindo as medidas de prevenção que ela exige, o trabalho da equipe passou por mudanças. As rodas de conversa foram suspensas e, em substituição a elas, a organização está levando quentinhas e kits de higiene para os grupos atendidos.
“A população em situação de rua está mais vulnerável a essa doença [Covid-19] do que a população em geral, porque eles não têm uma casa para se abrigar, para se isolar, eles não têm acesso a um banho ou a uma higiene. Então tem sido uma preocupação muito grande nossa de como garantir o mínimo, o básico para que eles consigam se prevenir”, explica Larissa Montel, gestora do Projeto RUAS.
Como a atuação da organização é restrita a apenas quatro bairros da cidade, foram discutidas maneiras de engajar a sociedade civil de uma forma mais ampla para realizar doações. No dia 19 de março, foi lançada a campanha #popruaeumeimporto. “A ideia é que todo mundo que precise sair de casa nesse período leve um kit para uma pessoa em situação de rua que possa estar no seu caminho”, explica Larissa.
A gestora ressalta que, além de ajudar por meio de doações, é muito importante também levar informação a essas pessoas. Pensando nisso, o Projeto RUAS criou uma cartilha para ser distribuída juntamente aos kits, que conta com orientações de cuidado e prevenção de acordo com a realidade da população em situação de rua. Você pode acessar essa cartilha aqui e conhecer mais sobre o Projeto RUAS pelo site.
Alimentação e higiene para as pessoas e seus animais
A organização Moradores de Rua e Seus Cães (MRSC) também não interrompeu suas atividades nesse momento. A entidade tem como objetivo principal sanar as necessidades básicas das pessoas em situação de rua: alimentação e kit de higiene pessoal, além de ração, petiscos, brinquedos e atendimento veterinário aos cães e gatos dessas pessoas. Para além do principal, a instituição também oferece corte de barba e cabelo, e contêineres com espaço para banhos.
No fim de março, a MRSC realizou a atividade já num cenário inédito para ela, em razão do novo coronavírus. Agora, a organização está mais focada em levar itens de higiene pessoal e água mineral para as pessoas em situação de rua. “Eu sei que é difícil manter a higiene na rua, mas o mínimo que a gente fizer já está ajudando. [Na ação do dia 29 de março] As pessoas queriam muito os kits de higiene pessoal. Até álcool em gel e máscara eles pediram pra gente”, conta Edu Leporo, idealizador da organização.
Pensando nessa nova necessidade, a MRSC está fazendo uma campanha de arrecadação para comprar esses kits e entregá-los às pessoas em situação de rua na ação mensal de abril. Para saber como ajudar, clique aqui.
Ao fazer a entrega de doações para pessoas em situação de rua, é importante seguir alguns cuidados de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus, como priorizar ações em duplas ou trios para evitar aglomerações; manter a distância mínima de 1,5 m e evitar contatos próximos que possam aumentar a exposição; e usar equipamentos de proteção individual, como luvas e máscaras, pela segurança de colaboradores e das pessoas que receberão a ajuda.
“A gente precisa se adaptar às novas condições. Se o meio não está permitindo mais que a gente faça aqueles movimentos de aglomerar vários colaboradores para fazer uma ação maior, a gente vai tentando fazer uma ação menor e mais limitada, mas mantendo nosso objetivo, que é ajudar as pessoas que mais precisam”, destaca Christiano Marx Barbosa Mota, médico e voluntário da MRSC.
Christiano destaca, ainda, a importância de realizar as doações, principalmente de itens de higiene e alimentos não perecíveis, fornecendo as condições básicas para que esses grupos consigam pelo menos tentar seguir as orientações de prevenção que lhes são passadas.
“Muitas vezes, eles são menosprezados tanto pela comunidade quanto pelos próprios administradores públicos. Lembram das pessoas de classe média, das pessoas que têm as suas casas, mas a gente esquece que os moradores de rua são foco de contaminação porque eles estão mais expostos. Eles não têm como se proteger”, ressalta o médico.
A preocupação de anos cresce agora
O Padre Júlio Lancellotti é coordenador da Pastoral Povo da Rua e atua há vários anos na defesa das pessoas em situação de rua. “Há um imperativo ético, e também de fé, de que as ações sejam voltadas para aqueles que estão mais sofridos, abandonados, sofrendo com a violência, o esquecimento, a negligência da sociedade”, diz.
Neste momento, as ações em prol da vida dos grupos marginalizados não param. O padre, que está à frente da comunidade de São Miguel Arcanjo, na Mooca, zona leste de São Paulo, mantém as doações de alimentos, roupas e produtos de higiene. Para saber como ajudar, acesse as redes sociais do pároco.
Padre Júlio ressalta, no entanto, que além de conviver com a população em situação de rua e realizar doações conforme as necessidades e a realidade dela, também não abandona a luta pela garantia dos direitos desse grupo. “É a luta política no sentido de garantir a voz dessas pessoas, seus direitos com autonomia, que eles possam levar uma vida mais humanizada”, explica.
Uma das questões políticas de defesa dos direitos da população em situação de rua que o pároco ressalta ser de extrema importância neste momento é a renda básica emergencial. “Que essa medida seja o mais desburocratizada possível e que eles possam imediatamente ter acesso a esse benefício temporário”, destaca Júlio Lancellotti.
Na última quarta-feira (01/04), o presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei que cria uma renda básica emergencial de R$ 600 para os trabalhadores informais, autônomos e sem renda fixa, durante a crise provocada pela pandemia de Covid-19.
Fonte:
OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR
A pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19, tem assustado pessoas do mundo todo. São milhares de mortes e contaminados por dia, o que faz com que a preocupação aumente. Profissionais da área de saúde têm insistido na principal forma de prevenção à contaminação pelo vírus: ficar em casa. Mas o que fazem as pessoas que não têm casa?
Somente na cidade de São Paulo, são mais de 24 mil pessoas em situação de rua, segundo dados do Censo da População em Situação de Rua 2019. Logo, a principal medida de prevenção indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não é possível para todas essas pessoas, que passam os dias nas ruas, expostas à contaminação.
Higiene pessoal e distanciamento físico
A Prefeitura de São Paulo prometeu ampliar a rede de acolhimento para pessoas em situação de rua. Na Vila Clementino, bairro localizado na região sul da cidade, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) implantou um Centro de Acolhida Especial exclusivo para pessoas em situação de rua já diagnosticados com o novo coronavírus.
Por meio de nota, a Prefeitura informou, ainda, que cinco centros esportivos serão usados para desafogar os Centros de Acolhida e isolar pessoas com suspeita de terem contraído a Covid-19.
Outra medida será a instalação de pias para que esses grupos consigam lavar as mãos como forma de prevenção. Os equipamentos serão instalados na região central da cidade, onde há maior concentração de pessoas em situação de rua, como na Praça da Sé, Praça Ouvidor Pacheco e Silva, Largo São Francisco, Largo do Paissandú, Pateo do Colégio, Praça da República, Largo do Arouche, Parque Dom Pedro, Largo General Osório e Praça da Liberdade.
A luta pela alimentação na rua
A higiene é importante, porém outra preocupação que faz parte do cotidiano das pessoas em situação de rua e que não pode ser ignorada neste momento é a segurança alimentar. Com menos gente circulando, esse grupo está conseguindo poucas doações de comida ao longo do dia.
Além disso, comércios que, antes da pandemia, doavam alimentos a eles, hoje estão fechados, o que dificulta ainda mais o cotidiano das pessoas mais vulneráveis, que têm poucas saídas para conseguir se alimentar. Uma opção para eles é o Bom Prato, programa criado pelo Governo do Estado de São Paulo com o objetivo de oferecer refeições à população de baixa renda. A refeição custa apenas R$ 1.
Segundo reportagens divulgadas pelo G1 e pela Folha de S.Paulo, nos primeiros dias da quarentena oficial no estado de São Paulo, as unidades do Bom Prato estavam com grandes filas, pessoas aglomeradas e comendo com as mãos, sem auxílio de talheres, o que ajuda a propagar a contaminação pelo coronavírus.
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social disse que, atendendo ao decreto do Governo do Estado, as unidades dos restaurantes populares fecharam temporariamente os salões de refeições e foi lançado o Bom Prato Express, com o objetivo de distribuir refeições prontas em embalagens descartáveis para consumo em domicílio. O que fazem então as pessoas que vivem nas ruas e não conseguem realizar essas refeições de forma segura?
A Secretaria acrescentou, ainda, que voltaram a disponibilizar talheres a partir do almoço do dia 26 de março e que suas equipes estão reforçando a necessidade do distanciamento físico para as pessoas nas filas. O horário de atendimento, segundo a nota, foi ampliado para também evitar aglomerações.
As organizações da sociedade civil não param
A atuação do poder público é essencial para manter a segurança e criar medidas de prevenção para a parcela da população que está mais exposta ao novo coronavírus. No entanto, muitas organizações e movimentos da sociedade civil também estão trabalhando para ajudar as pessoas em situação de rua.
É o caso do Projeto RUAS, que atua em quatro bairros da zona sul do Rio de Janeiro e promove rodas de conversa semanais com a população em situação de rua focadas em fortalecer a autonomia dessas pessoas. Esses encontros têm temas específicos de interesse para o grupo, como os direitos das pessoas em situação de rua e o lugar da mulher que vive nesse contexto.
A partir dessas rodas de conversa, a equipe do Projeto Ruas percebe quais são as necessidades dessas pessoas e atua como facilitadora para conectá-las a serviços existentes, para demanda de documentação, busca por emprego ou volta ao lar, por exemplo.
Em razão da crise do novo coronavírus e seguindo as medidas de prevenção que ela exige, o trabalho da equipe passou por mudanças. As rodas de conversa foram suspensas e, em substituição a elas, a organização está levando quentinhas e kits de higiene para os grupos atendidos.
“A população em situação de rua está mais vulnerável a essa doença [Covid-19] do que a população em geral, porque eles não têm uma casa para se abrigar, para se isolar, eles não têm acesso a um banho ou a uma higiene. Então tem sido uma preocupação muito grande nossa de como garantir o mínimo, o básico para que eles consigam se prevenir”, explica Larissa Montel, gestora do Projeto RUAS.
Como a atuação da organização é restrita a apenas quatro bairros da cidade, foram discutidas maneiras de engajar a sociedade civil de uma forma mais ampla para realizar doações. No dia 19 de março, foi lançada a campanha #popruaeumeimporto. “A ideia é que todo mundo que precise sair de casa nesse período leve um kit para uma pessoa em situação de rua que possa estar no seu caminho”, explica Larissa.
A gestora ressalta que, além de ajudar por meio de doações, é muito importante também levar informação a essas pessoas. Pensando nisso, o Projeto RUAS criou uma cartilha para ser distribuída juntamente aos kits, que conta com orientações de cuidado e prevenção de acordo com a realidade da população em situação de rua. Você pode acessar essa cartilha aqui e conhecer mais sobre o Projeto RUAS pelo site.
Alimentação e higiene para as pessoas e seus animais
A organização Moradores de Rua e Seus Cães (MRSC) também não interrompeu suas atividades nesse momento. A entidade tem como objetivo principal sanar as necessidades básicas das pessoas em situação de rua: alimentação e kit de higiene pessoal, além de ração, petiscos, brinquedos e atendimento veterinário aos cães e gatos dessas pessoas. Para além do principal, a instituição também oferece corte de barba e cabelo, e contêineres com espaço para banhos.
No fim de março, a MRSC realizou a atividade já num cenário inédito para ela, em razão do novo coronavírus. Agora, a organização está mais focada em levar itens de higiene pessoal e água mineral para as pessoas em situação de rua. “Eu sei que é difícil manter a higiene na rua, mas o mínimo que a gente fizer já está ajudando. [Na ação do dia 29 de março] As pessoas queriam muito os kits de higiene pessoal. Até álcool em gel e máscara eles pediram pra gente”, conta Edu Leporo, idealizador da organização.
Pensando nessa nova necessidade, a MRSC está fazendo uma campanha de arrecadação para comprar esses kits e entregá-los às pessoas em situação de rua na ação mensal de abril. Para saber como ajudar, clique aqui.
Ao fazer a entrega de doações para pessoas em situação de rua, é importante seguir alguns cuidados de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus, como priorizar ações em duplas ou trios para evitar aglomerações; manter a distância mínima de 1,5 m e evitar contatos próximos que possam aumentar a exposição; e usar equipamentos de proteção individual, como luvas e máscaras, pela segurança de colaboradores e das pessoas que receberão a ajuda.
“A gente precisa se adaptar às novas condições. Se o meio não está permitindo mais que a gente faça aqueles movimentos de aglomerar vários colaboradores para fazer uma ação maior, a gente vai tentando fazer uma ação menor e mais limitada, mas mantendo nosso objetivo, que é ajudar as pessoas que mais precisam”, destaca Christiano Marx Barbosa Mota, médico e voluntário da MRSC.
Christiano destaca, ainda, a importância de realizar as doações, principalmente de itens de higiene e alimentos não perecíveis, fornecendo as condições básicas para que esses grupos consigam pelo menos tentar seguir as orientações de prevenção que lhes são passadas.
“Muitas vezes, eles são menosprezados tanto pela comunidade quanto pelos próprios administradores públicos. Lembram das pessoas de classe média, das pessoas que têm as suas casas, mas a gente esquece que os moradores de rua são foco de contaminação porque eles estão mais expostos. Eles não têm como se proteger”, ressalta o médico.
A preocupação de anos cresce agora
O Padre Júlio Lancellotti é coordenador da Pastoral Povo da Rua e atua há vários anos na defesa das pessoas em situação de rua. “Há um imperativo ético, e também de fé, de que as ações sejam voltadas para aqueles que estão mais sofridos, abandonados, sofrendo com a violência, o esquecimento, a negligência da sociedade”, diz.
Neste momento, as ações em prol da vida dos grupos marginalizados não param. O padre, que está à frente da comunidade de São Miguel Arcanjo, na Mooca, zona leste de São Paulo, mantém as doações de alimentos, roupas e produtos de higiene. Para saber como ajudar, acesse as redes sociais do pároco.
Padre Júlio ressalta, no entanto, que além de conviver com a população em situação de rua e realizar doações conforme as necessidades e a realidade dela, também não abandona a luta pela garantia dos direitos desse grupo. “É a luta política no sentido de garantir a voz dessas pessoas, seus direitos com autonomia, que eles possam levar uma vida mais humanizada”, explica.
Uma das questões políticas de defesa dos direitos da população em situação de rua que o pároco ressalta ser de extrema importância neste momento é a renda básica emergencial. “Que essa medida seja o mais desburocratizada possível e que eles possam imediatamente ter acesso a esse benefício temporário”, destaca Júlio Lancellotti.
Na última quarta-feira (01/04), o presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei que cria uma renda básica emergencial de R$ 600 para os trabalhadores informais, autônomos e sem renda fixa, durante a crise provocada pela pandemia de Covid-19.
Fonte:
OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR