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13/11/2024 - Especialistas avaliam alto índice de abstenção nas eleições municipais de 2024

13/11/2024
3 em cada 10 eleitores não compareceram às urnas no segundo turno, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Apesar disso, o interesse pelo voto cresceu entre os jovens de 16 e 17 anos
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As eleições municipais tiveram um alto índice de abstenção neste ano. De acordo com dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), quase 30% dos eleitores não compareceram às urnas no segundo turno. Na cidade de São Paulo, por exemplo, houve recorde de abstenção (31,4%), superando até mesmo as eleições de 2020, quando o processo eleitoral ocorreu em meio à pandemia de COVID-19.

Em entrevista para o Observatório do Terceiro Setor, Ronaldo Tadeu de Souza — pós-doutor pelo Departamento de Ciência Política da USP — destaca que parte do povo brasileiro não acredita mais que é possível realizar mudanças por meio do voto. 

Souza salienta que este fenômeno pode ocorrer por uma série de fatores. “As pessoas não consideram mais as eleições como um evento ímpar no curso do tempo. Elas veem esse momento como algo destituído de aspectos inusitados e preferem não deixar o que vem fazendo”, disse ele. Ele relata que viu muitas pessoas indo trabalhar no dia da eleição e comentando que não iriam votar no tempo que lhes restavam do dia.

O cientista político também alerta que, para entendermos os motivos que levam ao fenômeno do alto índice de abstenção, precisamos considerar as singularidades do contexto brasileiro. Na avaliação dele, ainda existem formas de reverter esse cenário de renúncia e desilusão com o sistema eleitoral, destacando o papel da esquerda brasileira neste processo. “É necessário se fazer campanhas históricas e aguerridas, com propostas ousadas de governo, com materialidade percebida como séria pelo povo; estabelecer contato direto com a população e apreendendo, objetivamente, o que querem e desejam para suas vidas”.

Mesmo com o cenário negativo em relação às abstenções, as eleições municipais de 2024 contaram com uma quantidade de jovens de 16 e 17 anos que realizaram o cadastro eleitoral e estavam aptos a votar. Um aumento de quase 80% em comparação ao pleito municipal anterior: enquanto 2020 contou com 1.030.563 eleitores nessa faixa etária, a edição de 2024 superou a marca de 1.836.081 alistados.

Vale destacar que o voto não é obrigatório para pessoas com mais de 70 anos ou com idade entre 16 e 18 anos. Essas regras estão previstas no artigo 14, §1º e incisos, da Constituição Federal. 

De acordo com a Politize! — organização social que atua para que mais pessoas se interessem pela política —é importante cultivar desde cedo o desejo de participação e empoderamento democrático nos jovens, sendo esta uma ferramenta válida no combate à baixa adesão eleitoral. “A qualidade do processo democrático brasileiro depende de despertarmos nos jovens o interesse pela participação cidadã e pelo voto consciente e informado, algo fundamental para a construção de uma base sólida para a democracia futura”, destaca Danniel Barbosa, Gestor de Conteúdo da organização.

Nestas eleições, a Politize! criou diferentes iniciativas para fomentar o interesse político dos jovens brasileiros, como mutirões de regularização de títulos eleitorais promovidos pelo Programa Embaixadores Politize! e a campanha Umbora!, que uniu o folclore com a educação política.


Fonte: OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR










 
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