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08/10/2024 - Coragem e inovação marcam debate sobre futuro da filantropia no Brasil
08/10/2024
Em evento no MASP, promovido pelo IDIS, especialistas discutiram os desafios e caminhos da filantropia no Brasil filantropiae do investimento social privado, destacando a importância de envolver as comunidades e buscar soluções coletivas diante das crises globais.
Especialistas nacionais e internacionais se reuniram na última quinta-feira, 03, no Museu de Artes de São Paulo (MASP) para debater o futuro da filantropia. O evento, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social para celebrar os 25 anos da organização, propôs um olhar para os próximos anos do investimento social privado no país. Coragem, inovação e conexões foram alguns dos destaques elencados pelos participantes do evento como o caminho para trabalhar diante de um cenário de policrises, que estão cada vez mais frequentes e imprevisíveis.
Com investimentos anuais na casa dos R$ 4 bilhões, de acordo com a última pesquisa BISC, o investimento social privado é fundamental para reduzir as desigualdades no país. Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, o setor precisa ser estratégico para ampliar o impacto socioambiental positivo. “Nós, da filantropia, trabalhamos diariamente por transformações que beneficiem toda a sociedade. E nos deparamos com muitos nós que só são desatados com estratégia, seja por meio de conexões com parceiros dos setores privados e públicos, seja pela intencionalidade em ouvir as demandas dos beneficiados pela atuação do setor. O próximo passo da filantropia é incluir ainda mais as comunidades nas discussões para coconstruir as soluções necessárias às transformações”, defende. “Nesse sentido, é importante olhar para o território, suas potencialidades e as oportunidades de parcerias para que o desenvolvimento seja protagonizado pelos beneficiados”, completa.
Em fala inspiracional, o economista e filósofo Eduardo Giannetti, destacou o impacto das policrises como um desafio adicional ao setor. A pandemia, o recrudescimento de conflitos armados, uma “furiosa revolução tecnológica”, a fragilidade da democracia e a urgência da crise climática são alguns pontos elencados por Giannetti. “As consequências dessa realidade afetam nossas possibilidades e condições. A filantropia, à medida que esses eventos continuam se repetindo, tem o papel importante diante dos deslocamentos de condição de vida”, explica. Giannetti também chama a atenção para a necessidade de se permitir sonhar. “Vivemos o que chamo de ‘falência da posteridade’. O crescimento de uma ideia de que a causa está perdida, e isso é muito mais visível nos jovens. Nós, filantropos, temos que resgatar a visão de um futuro bom e nos engajarmos na recuperação da disposição de criar um mundo onde nossos jovens consigam viver melhor”.
Com investimentos anuais na casa dos R$ 4 bilhões, de acordo com a última pesquisa BISC, o investimento social privado é fundamental para reduzir as desigualdades no país. Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, o setor precisa ser estratégico para ampliar o impacto socioambiental positivo. “Nós, da filantropia, trabalhamos diariamente por transformações que beneficiem toda a sociedade. E nos deparamos com muitos nós que só são desatados com estratégia, seja por meio de conexões com parceiros dos setores privados e públicos, seja pela intencionalidade em ouvir as demandas dos beneficiados pela atuação do setor. O próximo passo da filantropia é incluir ainda mais as comunidades nas discussões para coconstruir as soluções necessárias às transformações”, defende. “Nesse sentido, é importante olhar para o território, suas potencialidades e as oportunidades de parcerias para que o desenvolvimento seja protagonizado pelos beneficiados”, completa.
Em fala inspiracional, o economista e filósofo Eduardo Giannetti, destacou o impacto das policrises como um desafio adicional ao setor. A pandemia, o recrudescimento de conflitos armados, uma “furiosa revolução tecnológica”, a fragilidade da democracia e a urgência da crise climática são alguns pontos elencados por Giannetti. “As consequências dessa realidade afetam nossas possibilidades e condições. A filantropia, à medida que esses eventos continuam se repetindo, tem o papel importante diante dos deslocamentos de condição de vida”, explica. Giannetti também chama a atenção para a necessidade de se permitir sonhar. “Vivemos o que chamo de ‘falência da posteridade’. O crescimento de uma ideia de que a causa está perdida, e isso é muito mais visível nos jovens. Nós, filantropos, temos que resgatar a visão de um futuro bom e nos engajarmos na recuperação da disposição de criar um mundo onde nossos jovens consigam viver melhor”.
Fundador do IDIS, Marcos Kisil, reforça que os desafios são cada vez mais complexos e exigem dos filantropos mais ousadia e inovação. “O desconforto e a indignação são o que nos motivam a buscar a transformar a realidade. E a ausência, ainda forte, de políticas afirmativas que contemplem os grupos mais vulnerabilizados tornam urgente essa mudança”, acredita.
Em painel sobre o futuro do investimento social, Alcione Albanesi, dos Amigos do Bem, Benjamim Bellegy, da WINGS, Carlos Pignatari, da Ambev, Claudia Soares Baré, do Fundo Podáali, Neca Setubal, da Fundação Tide Setubal, e Selma Moreira, do J.P Morgan, abordaram os desafios – e possibilidades do setor. Raí Oliveira, ex-jogador e fundador da Fundação Gol de Letra, e Neil Heslop, da organização inglesa, Charities Aid Foundation – CAF, participam por vídeo do painel.
“A filantropia não pode só preencher o buraco do Estado, pois os recursos sempre serão escassos diante do oceano de recursos necessários. Por isso, precisamos trazer cada vez mais as comunidades para o centro do debate para que, juntos, consigamos ampliar o impacto dos recursos doados. Cada vez mais é importante construir espaços para construir soluções coletivas”, explica Bellegy.
A opinião é corroborada por Claudia Soares Baré, diretora do Fundo Podáali, primeiro fundo indígena da Amazônia brasileira, gerido por e para os povos indígenas. “O futuro da filantropia passa pelo respeito à vontade dos beneficiados e também passa pelo direito e respeito aos territórios. Se não há respeito, não há filantropia. O que existe nesse caso é um lado tentando ter razão”.
Neca Setubal destaca também a necessidade da ousadia. “A filantropia ainda é muito voltada para dentro. No contexto desafiador que vivemos, precisamos olhar para fora para evitar o ponto de não retorno do tecido social. Se não enfrentarmos os problemas, e o que os causam, teremos um colapso social”. O caminho, apontado por Selma Moreira, é a criação de espaços de conexão. “A coragem está conectada com a nossa capacidade de nos colocar em dúvida e questionar os nossos planos. Como, a partir da nossa humanidade, conseguimos conectar todos os saberes? Precisamos de menos ego e mais coragem”, defende.
O debate contribui para os ODS 1 (Erradicação da Pobreza), ODS 4 (Educação de Qualidade), ODS 5 (Igualdade de Gênero), ODS 10 (Redução das Desigualdades), ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima) e ODS 17 (Parcerias e Meios de Implementação).
* Texto por Matheus Zanon – IDIS
Fonte: OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR