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02/09/2024 - Afeganistão: 1,4 milhão de meninas foram proibidas de ir à escola

01/09/2024
De acordo com novos dados da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), 1,4 milhão de meninas afegãs foram deliberadamente privadas de escolaridade desde 2021. Os decretos do Talibã proíbem que meninas tenham acesso à educação além da sexta série e impedem mulheres de trabalhar para organizações não governamentais.
 
 
Três anos após a tomada do poder pelas autoridades de facto do Talibã, o Afeganistão se tornou o único país do mundo onde o acesso ao ensino secundário e superior é estritamente proibido para meninas e mulheres.

De acordo com novos dados da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), 1,4 milhão de meninas afegãs foram deliberadamente privadas de escolaridade desde 2021. Isso representa um aumento de 300 mil estudantes desde a contagem anterior realizada pela agência em abril de 2023.

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse que “o Afeganistão é o único país do mundo que proíbe o acesso à educação às meninas com mais de 12 anos e às mulheres”. Segundo ela, o direito à educação “não pode ser negociado ou comprometido” e a comunidade internacional deve permanecer “totalmente mobilizada para alcançar a reabertura incondicional de escolas e universidades para meninas e mulheres afegãs”.

Três anos depois da tomada do poder pelo Talibã, os novos dados atestam a gravidade da situação educacional no Afeganistão. Em apenas três anos, as autoridades de facto quase eliminaram duas décadas de progresso na educação no Afeganistão. Para a Unesco, “o futuro de uma geração inteira está agora em perigo”.


Risco de casamento infantil e casamento precoce

Somando as meninas que já estavam fora da escola antes da introdução das proibições, existem agora quase 2,5 milhões de jovens impedidas de estudar, o que representa 80% das meninas afegãs em idade escolar.

O acesso ao ensino primário também caiu drasticamente, com menos 1,1 milhão de meninas e meninos frequentando as salas de aula. Esta queda é o resultado da decisão das autoridades de facto de proibir docentes do sexo feminino, agravando a escassez de professores.

A Unesco está alarmada com as consequências prejudiciais desta taxa de abandono escolar cada vez mais alta, que poderá levar a um aumento do trabalho infantil e do casamento precoce.

A representante da ONU Mulheres no Afeganistão, Alison Davidian, informou jornalistas em Nova Iorque sobre seu último relatório abordando a situação de mulheres e meninas desde que as autoridades de facto retornaram ao poder em agosto de 2021. Ela descreveu esse período como “três anos de inúmeros decretos, diretivas e declarações visando mulheres e meninas, retirando-as de seus direitos fundamentais e eviscerando sua autonomia”.

Os decretos do Talibã proíbem que meninas tenham acesso à educação além da sexta série e impedem mulheres de trabalhar para organizações não governamentais.


Suicídio

Com a volta do Talibã, as mulheres passaram a representar mais de três quartos das mortes por suicídio registradas no Afeganistão, dado que inclui ainda as tentativas de tirar a própria vida.

A maior parte das vítimas era de mulheres jovens, ainda no início da adolescência. Os números provavelmente são subnotificados, uma vez que o suicídio é considerado vergonhoso em países muçulmanos e, muitas vezes, encoberto. Algumas mulheres que tentam o suicídio não são levadas para tratamento, e algumas que morrem são enterradas sem registro de que tiraram a própria vida.

Fonte: ONU News

Fonte: OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR
Por: Maria Fernanda Garcia
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